quinta-feira, 30 de abril de 2009

"Dig The New Sounds Of": TENNISCOURTS!

Não é de hoje que Chicago disputa cabeça a cabeça com Nova Iorque a segunda posição no ranking de cena mais importante do power pop americano. Novas bandas continuam germinando da fértil terra que nos deu Cheap Trick, Shoes e Material Issue, perpetuando o legado e honrando as tradições. É dessa cena que vem o músico e compositor Wes Hollywood, que depois de anos com seu grupo Wes Hollywood Show, resolveu montar uma nova banda mirando em um pop mais despretensioso, direto e melódico. Assim surgiu o Tenniscourts, que chega ao seu segundo álbum com este Dig The New Sounds Of.

Que abre com um clássico riff rock’n’roll, climatizado por um órgão e refrão grandioso em “Forever True”. A contagiante “Swimming Pool” é o primeiro single do álbum e “Nicotine Nights” envolve na batida e palminhas, soando como as novas bandas modernistas-retrô. “Love In The Light” entrega as referências new wave do Tenniscourts e a versátil e bela “Falling” cativa com suas mudanças melódicas e climáticas. “Cristal City” tem sotaque psicodélico e “Ordinary Life”, e seu “la-la-la”, soa com uma das grandes bandas do britpop noventista.

“The Grove” traz crescendos até a explosão de belos acordes e refrão ganchudo, enquanto “27b” embala em ritmo de valsa. Guitarras rugem em “In The Scene” e a beleza densa de “Sleepy Animal” fecha Dig The New Sounds Of, avisando que Nova Iorque precisa reforçar a armada se não quiser perder seu posto, definitivamente, para a turma de Chicago.

www.tenniscourts.net
www.myspace.com/thetenniscourts

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Da série Clássicos: "Bronco Bullfrog" - BRONCO BULLFROG!

Por Daniel Arêas

Para uma banda, tão desafiador quanto escrever grandes canções e criar grandes álbuns, é conseguir forjar uma identidade, uma personalidade própria, a partir das influências que a inspiram. O desafio torna-se ainda maior quando os músicos trazem consigo diferentes bagagens musicais. Nessa empreitada de extrair uma marca, uma cara própria a partir da reunião de várias referências musicais, poucas bandas lograram obter êxito com tamanho brilhantismo quanto o power trio londrino Bronco Bullfrog, cujo álbum homônimo de estréia é o 4º. disco da série Clássicos do Power Pop Station.

O Bronco Bullfrog (nome extraído de um obscuro filme inglês dos anos 60) foi formado no fim de 1995, em Londres, por Andy Morten (bateria, vocais), Mike Poulson (vocais, guitarra) e Louis Wiggett (baixo, vocais). Cansados de perambular por bandas psicodélicas e de garage rock da cena local (tais como The Nerve, Vibraphone, The Morticians) decidiram unir numa só banda todos os backgrounds musicais de cada um. O resultado foi mais uma prova da máxima que afirma que o todo é sempre maior do que a soma das partes.

Bronco Bullfrog, o disco, foi lançado em 1998, e é a reunião de sessões de gravação realizadas entre setembro de 1996 e fevereiro de 1998, nos Y Studios, em Leicester. Se as letras das canções em geral giram em torno de temas melancólicos, como a solidão, a nostalgia e fins de relacionamentos, musicalmente o espectro de influências sobre o qual Bronco Bullfrog se ancora é bem amplo. Uma referência que surge recorrentemente no disco é The Who, principalmente da fase Live at Leeds/Who’s Next (em grande parte devido à técnica e à energia dos músicos, em especial Morten, com seu estilo de tocar bateria inspirado no inigualável Keith Moon). A psicodelia sessentista também perpassa boa parte do álbum, mas outras referências e estilos musicais podem ser percebidos ao longo da audição.

Das baladas acústicas ao hard rock, do country rock à psicodelia, todas as canções (em sua grande maioria compostas por Morten, a não ser “Del Quant”, “Poor Mrs. Witherspoon”, “Be My Friend” e “One Eleven”) trazem em si a marca própria, a identidade da banda. Mas de nada adiantaria a mescla de estilos que a caracteriza se não fossem as músicas. Bronco Bullfrog em pouco mais de uma hora nos oferece grandes e inspiradíssimas canções (intercaladas por breves interlúdios), tocadas com grande competência e vigor, e é isso que o torna um clássico.

O disco abre lindamente com “Yesterday’s News”, onde um dedilhado de violão acompanha a sensível interpretação de Mike Poulson (cujo timbre de voz rende comparações com Graham Nash, ex-Hollies e C,S&N). É uma introdução tão bonita e tocante quanto rápida (34 segundos), mas a canção reaparecerá mais à frente no álbum, completa.

Se “Yesterday’s News” apresenta brevemente ao ouvinte o lado mais suave da banda, a canção seguinte, “Together” é um excelente cartão de visitas para sua faceta rocker e energética: une o melodicismo dos heróis do power pop a exatas doses de psicodelia (inspiradas em bandas como The Move, Nazz, The Creation), tocada com a energia incontida tão característica do The Who. “Del Quant” (composta em parceria por Morten e Wiggett) e “Can’t Make My Own Way” seguem a mesma linha e mantêm o padrão de qualidade do disco no alto.

A esplêndida “Poor Mrs. Whiterspoon” (a única assinada em conjunto pelos três músicos) é uma prova da versatilidade e talento da banda: composta por três partes distintas, flerta tanto com o hard rock quanto com o progressivo setentista, e ainda apresenta uma passagem na qual o riff de guitarra se desacelera e ganha em distorção, chegando a evocar o Black Sabbath. Mais à frente, uma bela slide guitar traz ares country a “Be My Friend” (outra assinada por Morten e Wiggett, e cantada por esse último) e evidencia uma referência fundamental na obra do Bronco Bullfrog: The Byrds.

Contrastando com a canção anterior, os quase 8 minutos de “Lazy Grey Afternoon” poderiam perfeitamente figurar em algum disco de qualquer banda psicodélica britânica e de garage rock dos anos 60, com direito a uma longa jam no fim, repleta de guitarras invertidas. E a sucessão de grandes canções não pára: “Down Angel Lane” é (mais uma) prova da capacidade da banda de fundir o vigor das guitarras com irresistíveis ganchos, na melhor tradição do power pop.

“Welfare Snapshot” é a complementação (com pouco mais de seis minutos) da introdução “Yesterday’s News”. Dessa vez cantada emotivamente por Andy Morten (acompanhado de um instrumental mínimo, como na introdução do álbum), a canção comove na beleza da melodia e na melancolia da letra, que narra o cotidiano vazio e sem sentido de uma pessoa. Lê as “notícias de ontem”, acorda apenas para voltar a dormir, não se dirige ao seu (sua) cônjuge. Esse sentimento de desesperança é realçado no belo refrão (“I see a future there/It looks hazy/ But I know there'll be chances on the way/ I see the sun come up/ The seventh time this week/ Or maybe it's the seventh time today”). Uma referência que surge aqui é a do mestre eterno Chris Bell. Desconcertantemente, um álbum em que os músicos esbanjam técnica e energia pode muito bem ter em sua canção mais singela justamente o seu momento mais emocionante.

A curta “One Eleven”, a contribuição de Poulson ao disco, é instrumental e tocada no piano, e adornada por harmonias vocais arrebatadoras. Depois da maravilhosa fúria power popper de “History” (pense no Badfinger chocando-se – de frente - com os riffs raivosos e a bateria alucinada do The Who), o disco chega ao fim com a linda “Paper Mask”, que imediatamente remete aos Beatles (ali por volta de 1968) e na qual Andy Morten encontra em Mike Poulson o intérprete ideal para uma amarga história de um fim de relacionamento.

O Bronco Bullfrog faria ainda outros grandes álbuns (sua discografia completa está nos comentários), e depois de lançar o brilhante Oak Apple Day (2004) decidiu encerrar suas atividades. Por alguma razão, foram mais reconhecidos em outros países da Europa (principalmente a Espanha) do que em seu país natal. Hoje, a banda é reconhecida como uma das mais importantes do power pop em todos os tempos. Se infelizmente não teremos mais novos discos do Bronco Bullfrog, só nos resta celebrar o legado de sua brilhante obra. É o que fazemos aqui, ao reconhecer o status de clássico de sua obra-prima de estreia.

A ENTREVISTA
Por Paolo Miléa

Conversamos com os três ex-Bronco Bullfrog Andy Morten, Mike Poulson e Louis Wiggett, que nos contaram suas impressões, suas histórias e seus sentimentos a respeito do seu clássico álbum de estreia.


PPS: Bronco Bullfrog, o álbum, levou quase dois anos pra ficar pronto. As 16 músicas já estavam compostas ou várias foram aparecendo durante do processo de gravação? Em, “Poor, Mrs. Whiterspoon”, onde os três membros contribuíram e existem tantas partes distintas, como chegou-se ao resultado final?

ANDY: O álbum levou dois anos para ser gravado porque nós estávamos pagando as sessões do próprio bolso. Ensaiávamos três ou quatro canções, depois as gravávamos em um fim de semana como demos. Quando tínhamos 12 canções, a Twist Records nos perguntou se queríamos colocá-las em um álbum, então gravamos os pequenos interlúdios, mixamos tudo e enviamos para eles.

LOUIS: A maior parte das gravações que aparecem na versão final do álbum, eram demos de boa qualidade que começamos a gravar no verão de 96. A gravadora alemã Twist Records gostou tanto das faixas que concordou em lançá-las, disponibilizando, inclusive, capital para mais algumas músicas e, assim, chegarmos a um álbum completo. A partes incidentais foram trabalhadas depois para dar às faixas um clima global de álbum. “Mrs Whiterspoon” é uma canção de Andy, mas foi re-arranjada com alguns riffs influenciados pelo Black Sabbath.
Também tínhamos ouvido In Search Of do Fu Manchu – aquela parte intermediária da canção é definitivamente fruto daquele período.

MIKE: Me lembro que agendávamos o estúdio, ensaiávamos as músicas na noite anterior e depois íamos lá e gravávamos, normalmente, em um take. Era tudo muito natural, três amigos se divertindo a valer. A Twist Records, de algum modo, ouviu algumas faixas e de repente estávamos fazendo um álbum.

PPS: Conte-nos algum fato curioso, inusitado ou mesmo engraçado que tenha acontecido durante as gravações.

ANDY: Para mim TUDO foi interessante, inusitado e engraçado. Foi a primeira vez que me senti feliz com as músicas que eu havia escrito e com a música que nós fizemos no estúdio. A banda era eu e meus dois melhores amigos, então tudo isso foi uma grande aventura, uma luminosa gargalhada.

LOUIS: Fora a comida envenenada durante a sessão de fotos e a subseqüente temporada de três dias na cama com o pior caso de diarréia, assistimos ao famoso Caribbean Carnival de Leicester do balcão do YMCA durante as gravações e foi muito divertido. E eu tocando bateria em uma das faixas foi hilário. Pelo menos um membro da banda teve um pesado fim de relacionamento (isso não teve graça) durante as gravações, então nós empurramos um amplificador sobre algumas rodas, do quarto de ensaio da estação, porque Mike estava convencido de que aquilo soaria bem e eu aprendi como tocar um rudimentar bandolim para satisfazer nossas inclinações ao country. Tudo acima deu “sabor” ao álbum.

MIKE: Eu não lembro de muita coisa, para ser honesto, eu andava meio chapado naqueles dias.

PPS: Oficialmente a carreira da banda começa com o lançamento de Bronco Bullfrog? Quais eram as expectativas do grupo na época em que o disco saiu?

ANDY: Não houve expectativas. Nós três estivemos em diversas pequenas bandas de psicodelia e garage antes do Bronco Bullfrog, mas desta vez introduzimos influências mais amplas, então tentamos powerpop, country, baladas e hard rock. Poderíamos ter feito qualquer coisa naquele álbum e ninguém ficaria surpreso porque era tudo novo. Nós só caímos em uma espécie de trilho posteriormente.

LOUIS: Eu acho que o que esperávamos era continuar bons amigos e estou feliz por poder dizer que nós conseguimos.

MIKE: Nós não tínhamos expectativas. Curtimos sair por aí fazendo música juntos e nos divertindo todos esses anos em algo que nós ainda gostamos de fazer.

PPS: Qual foi a repercussão do álbum em termos de crítica e público?

ANDY: As pessoas que ouviram o disco devem ter gostado porque vendeu bem e permitiu-nos ir para a Espanha e Alemanha e fazer mais quatro álbuns.

LOUIS: As pessoas adoraram e foi considerado nosso melhor álbum. Suas perguntas são um aprova disso, certo?

MIKE: Suponho que as pessoas gostaram tanto que logo estávamos fazendo shows pela Europa como resultado. Contudo, na Inglaterra, teve uma importância diferente, não tenho certeza se aqui alguém esteve realmente interessado em nós.

PPS: Olhando em retrospecto, qual a opinião de vocês hoje sobre o álbum? Vocês têm suas canções preferidas?

ANDY: Eu acho que este é nosso melhor álbum porque era algo novo, com frescor e excitante. Nós estivemos tentando todas as coisas – nenhuma idéia era rejeitada. Minha canção favorita é “Paper Mask” porque apresenta uma maturidade profunda e uma emoção que havia faltado em minhas canções até então. As pessoas vinham até nós depois dos shows e diziam o quanto elas adoravam a canção e ainda continuam falando sobre ela.

LOUIS: Eu adoro, Andy adora, e meu pai adora: “Paper Mask” é a favorita de meu pai e ele diz que a nossa melhor canção. Eu realmente adoro “Lazy Grey Afternoon” porque me lembra o estilo de composição de Andy e Mike e me faz perceber que grande dupla de bastardos decentes eles são.

MIKE: Faz muito tempo que não escuto o disco, eu devo fazê-lo algum dia. É estranho como “Paper Mask” é a favorita do pai de todo mundo! Há uma lição ali, garotos! Ouçam os mais velhos, eles sabem as regras do jogo!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

"Long Lost Weekend": JOEY SALVIA!

Você conhece Joey Salvia? Se a pergunta for feita ao mundo do power pop, a resposta é: “claro, é o líder do Montgomery Cliffs!”, banda que inaugurou o novo milênio com um verdadeiro clássico do gênero, seu álbum homônimo. Já se a pergunta for feita a um novaiorquino, a resposta será: “claro, é o cara das paródias e sátiras musicais da ESPN e Fox News!”. Mas aqui o foco é a terceira faceta do músico do Brooklyn: sua carreira solo.

De qualquer ângulo que se olhe (ou escute) Joey Salvia, você tem a certeza de estar diante de um engenhoso cantor-compositor. Quase como um “repentista do pop”, Salvia treinou seu talento para criar canções ligeiras seja qual for o tema. Mas é claro que o multiinstrumentista guardou suas motivações, indagações e convicções íntimas para suas músicas solo. Ele só quer te ver rir, chorar, bater o pé ou cantar suas canções.

Em Long Lost Weekend, Joey contou com o auxílio luxuoso de Andy Bopp do Myracle Brah, Greg Schroeder e Dennis Schocket do Starbelly. O álbum foi gravado no famoso estúdio de Bopp, o The Cinderblock Mansion. Todos a postos, o disco começa com a ambiência intimista da acústica faixa-título, e emenda no violão, de batida envolvente, de “Invisible Force”. O power pop perfeito bate à porta - ao melhor estilo do mestre Andy Bopp e seu Myracle Brah – na melodia adesiva e levada arrebatadora de “Where Were You?”.

Aqui, mais uma canção com cheiro de clássico: “The Perfect Crime”. Teclados criam o clima emocional em “Dressed To A “T”, que remete novamente às canções campeãs do Myracle Brah. A levada de “Under The Ipod Skies” tem contornos psicodélicos até encontrar a bela balada “Beautiful Sunset”. A reflexiva e acústica “New York Times” realça a forte voz de Salvia e, a radiofônica “Ready For Today”, encerra Long Lost Weekend. Então, se você quiser realmente conhecer Joey Salvia, veja a TV, ouça o rádio e compre o disco!

www.joeysalvia.com
www.myspace.com/joeysalvia

segunda-feira, 13 de abril de 2009

"Full/Filled": POPLORD!

Bandas que escolhem nomes objetivos, suscintos e sugestivos têm meio caminho andado no trabalho da autodivulgação. Porque parte das intenções já está explícita quando você chama seu grupo de Poplord. Projeto dos californianos, e amigos de longa data, Tom Magill e Stan Schaffer, o conjunto apresenta seu segundo álbum Full/Filled e um novo membro Craig Daniel. Magill e Schaffer, que já tiveram uma banda tributo chamada The Beetles, colocam todo seu esforço, talento e paixão na confecção de canções pop que atingem todas as épocas e permanecem atemporais.

Full/Filled é uma celebração das melodias bem talhadas, harmonias cuidadas, vocais agradáveis, ou seja, um atalho para o universo das boas sensações. Colocar um sorriso no rosto do ouvinte é o máximo de pretensão que o Poplord se permite. Melhor ainda se for numa segunda-feira: “Change Time For Monday” enche o ambiente de melodias empolgantes, sob notas de piano e guitarra duelando e harmonias vocais voando em direção ao sol. “What’s Beneath” traz refrão adesivo, seguida da doce e acústica “Rent One From Jane”.

Batida contagiante para “Wake Up Tired” e “I’d Fall Down”, ambas adornadas por infecciosos vocais múltiplos. Camadas de teclados e efeitos para a tranqüilidade de “Trampoline” e animação suprema no pop setentista de “A Tree Beyond”. A placidez folk pop nos mandolins de “Verdugo Falls” contrasta com e energia juvenil no rock sessentista que encerra o álbum, “Always The King”.

www.myspace.com/poplord

quinta-feira, 9 de abril de 2009

"Dreamtown": CHRIS ENGLISH!

Ilustrar a capa de um disco segurando uma Rickenbaker, só pode sugerir uma coisa: sonoridades clássicas. E é assim que aparece o americano de Charlotte Chris English em seu primeiro álbum Dreamtown. Que não pode ser considerado uma estreia, já que English é um experiente músico e produtor. Abriu shows para Doobie Brothers e The Smithreens, e trabalhou com estrelas como Joe Strummer e David Bowie, entre outros. Também produz e compõe para programas de TV e filmes de cinema.

É de se admirar que só agora Chris English tenha posto na praça um disco seu. O músico gravou, produziu, mixou e tocou todos instrumentos em seu próprio estúdio, o The Guest Room. Em Dreamtown, English passeia por sua diversa paleta de influências, que vão de Genesis a Beach Boys, de Steely Dan a XTC, de ELO a Todd Rundgren. Assim cria sobre suas referências climas macios, sempre privilegiando o jogo das guitarras acústicas.

O climático prelúdio “Sunrise” abre Dreamtown e emenda na faixa título, recheada de ecos de guitarras e harmonias vocais femininas. Algo de Peter Gabriel soa em “I Can See Everything” e suas destacadas linhas de baixo. Na plácida “Autumn” aparece a admiração por Donald Fagen e Steely Dan, até os divinos ‘pa-pa-pa’ na metade final da faixa. O brilho das guitarras é realçado na bela “Without You” e, a admiração por Todd Rundgren, fica clara em “I Can Take It”.

A doce melodia se entrelaça às aeradas harmonizações vocais em “Summer Revisited” e “Sunshine Routine”, no belíssimo momento Brian Wilson do álbum. “The River” bate em um clima mais up, desenhado por contornos pop. A densa e emocional “The Letter” navega em texturas de teclados, e a onírica e reconfortante balada “God Is In The Silence”, é o tíquete final que Chris English oferece para a viagem definitiva à sua Dreamtown.

www.myspace.com/chrisenglishmusic

segunda-feira, 6 de abril de 2009

"Everybody's Fault But Ours": THE POPRAVINAS!

O envelope é a embalagem digi-pak. O convite, a bolachinha digital. A festa é no bar e a banda da noite o The Popravinas. Não há como recusar: aqui a diversão é garantida como uma garota cinco garrafas de Budweiser depois. O grupo de Santa Mônica, Califórnia, é liderado pelo veterano Eddy Sill – mais conhecido pelo seu trabalho no The Mutts – e chega ao seu primeiro álbum com este Everybody’s Fault But Ours.

Como um mix da crueza do Replacements e o acento country do Old 97’s, o Popravinas adiciona à receita camadas de melodias pop em ambiência de pub rock. A voz marcante de Sill – que parece ter sido imersa em barris de bourbon – e a guitarra de Johnny Adair, rascante e melódica ao mesmo tempo, dão o toque de personalidade à sonoridade do grupo. E eles também ouviram Stones e Teenage Fanclub...

“Popravina Weekend” abre o disco com guitarras espetando e harmonias vocais celebrando noite adentro. “She’s Got Fashion” tinge o pop com tons country na gaita e pontadas da steel guitar. A envolvente “Do you Think?” capricha na melodia ganchuda e na presença da voz dobrada de Sill. Mandolin, violino e steel guitar para a animada celebração country-pop de “Biggest Shot”.

Guitarras de sotaque punk rosnando em “Temporary Relief” e riffs brilhando em “Johnny’s Gotta Girlfriend”. Já em “Girl With A Workface”, piano, guitarras acústicas e gaita acalmam os ânimos até a saideira – com gosto de “só mais uma” - a contagiante “Nearest Pretty Girl”. Vejo você no bar.

www.myspace.com/thepopravinas

quinta-feira, 2 de abril de 2009

"Lie": MISS CHAIN & THE BROKEN HEELS!

Música comprimida em latas de sardinha digitais; canções servidas e enterradas sem nome, sem pai nem mãe, tal qual indigente em vala comum; álbuns sem cor, sem cheiro, nem tato, flutuando no ciberespaço virtual; verso-refrão-verso-refrão em fila indiana rumo ao ‘arquivo morto’, ‘delete’, ‘excluir’. Novos tempos, nossos tempos. Mas, nem por isso, bandas novas se entregam ao caminho mais prático e fácil na apresentação de sua música.

Os italianos do Miss Chain And The Broken Heels valorizam a carga sentimental e sensorial que pode haver na relação entre o ouvinte e uma canção. Alimentam todos os sentidos, não só a audição. Por isso nos oferecem seu novo single, Lie, apenas em versão vinil de sete polegadas e 45 rpm. Assim como fizeram em seus dois lançamentos anteriores, duas canções, uma para cada lado da bolachinha.

Miss Astrid Dante, os irmãos Franz e Brown Barcella e Disaster Silva, soam como uma colisão entre Blondie e Nikki And The Corvettes inspirada nas girl groups dos anos 60. No lado A do single, os garotos afiam as guitarras enquanto a voz colegial de Miss Chain hipnotiza nos versos e harmonias vocais sessentistas em Lie. Ocupando o lado B, a energia juvenil e urgente de “He’s Your Boy (But Could Be Mine)”, em um encerramento na melhor escola Ramones. Com a volta do vinil, em plena era iPod, e a fixação do grupo por formatos clássicos, nem é preciso perguntar com que tipo de disco um futuro álbum cheio do Miss Chain & The Broken Heels vai aterrisar.

www.myspace.com/misschainandthebrokenheels