segunda-feira, 29 de junho de 2009

"Sad Sounds Of The Summer": CHRIS RICHARDS AND THE SUBTRACTIONS!

Contraponto pode ser a arte de combinar harmonicamente melodias diferentes. Ou a habilidade em harmonizar as guitarras ferozes e energéticas do rock com os climas macios e gentis do pop. Ou ainda, colocar temas desesperançosos e tristes em canções de sonoridades otimistas e radiantes. O título Sad Sounds Of The Summer traz em si uma contradição e ironia. Como diz a letra de “Sunnyday”, “deixe-me levar a chuva para seu ensolarado dia”...

E é nessa arte do contraponto que Chris Richards exercita e nos mostra sua maestria. O cantor-compositor de Detroit entrega seu primeiro álbum com o The Subtractions (Todd Holmes e Larry Grodsky), depois de uma carreira de quase duas décadas com outros grupos e carreira solo. Suas grandes referências são Beatles, Elvis Costello, Posies e Tommy Keene e, seu interesse, oferecer brisa fresca ao power pop contemporâneo.

“I Can’t Quit Her” inicia a seqüência de pérolas de energia instrumental e carisma pop. “Consolation” equaliza o brilho das guitarras com harmonias vocais angelicais e “Sunnyday” traz riffs rascantes e melodias doces. “Oh Canadá (Pt. Deux)” aplica um refrão ganchudo enquanto a cativante “Take It From Me” convida a cantar junto sua perfeição pop.

“I Do Declare” relembra que o power trio vem da motor city e a progressão de acordes de “Beg Or Borrow” não deixa esquecer que e especialidade aqui é o pop poderoso. Os pratos de bateria estourando e melodias adesivas voando em “Southern Belle” resumem que aqui o contraponto favorito de Chris Richards e seus Subtractions chama-se, simplesmente, power pop.

www.myspace.com/chrisrichardsandthesubtractions

quinta-feira, 25 de junho de 2009

"Postscript": JEFF LITMAN!

Nosso giro sem fim pelo planeta, em busca da canção pop perfeita continua, constatando que às vezes preciosos tesouros estão escondidos nos lugares mais fáceis de serem achados. Da capital do mundo, Nova Iorque, vem Jeff Litman, o guitarrista que trocou o jazz e a música clássica pelo power pop. E imprimiu sua paixão por Beatles, Beach Boys, Jason Falkner e Jon Brion em seu álbum de estreia Postscript.

Onde Litman trata de sentimentos conflitantes e complementares, já que se utiliza do amor pela canção pop para contar histórias de relacionamentos frustrados. Como indica a faixa de abertura “Anna”: envolvente na batida, na melodia e nas harmonias vocais perfeitas. Mas ele provavelmente ficou sem a moça... “Complicate” é guiada pela maciez do piano até explodir no emocional refrão e a balada acústica “Wife” destila beleza em sutis arranjos orquestrais.

Pop clássico e cativante em “Everything’s You’re Not” e pegada rocker de refrão colante em “Detroit Layover”. Dueto descolado com Kelly Jones no country pop “Maine” e a despedida ao piano na emotiva e bonita “It Wasn’t Me”.
Postscript nos revela mais um talentoso e inspirado artista pop que está, ao mesmo tempo, tão perto e tão longe dos holofotes míopes do mainstream.

www.jefflitmanmusic.com
www.myspace.com/jefflitman

segunda-feira, 22 de junho de 2009

"Where You Are": KYLE VINCENT!

Quando você encontra um herói não deve procurar a capa ou o uniforme. Não peça nenhum favor nem pergunte onde esconde seus superpoderes. Questionar sobre seus truques, então, nem pensar. Apenas agradeça por ter colocado suas habilidades em favor de todos nós. E é isso que faremos aqui, frente a frente com o cantor-compositor californiano Kyle Vincent, veterano da cena que chega ao seu nono álbum com este Where You Are.

Venerado por power poppers do mudo todo, Vincent na verdade traz à tona o soft pop setentista e rememora as sonoridades atemporais da AM radio. O americano compôs, produziu e arranjou todas as canções do disco e contou com a participação, entre outros, de lumiares do power pop como Tommy Dunbar, do Rubinoos e Parthenon Huxley, do P. Hux.

Where You Are carrega no clima emocional das canções e privilegia as baladas com arranjos orquestrais. Ecos da tríade sagrada Badfinger, Big Star e Raspberries estão por toda parte, sintetizados na voz macia de Kyle e sua extrema sensibilidade pop. Que já dá as caras na abertura com a bela “It’s Gonna Be A Great Day”, com suas, harmonizações vocais aeradas e arranjos instrumentais bem tramados.

“In Another Life”, “The World Is Upside Down” e “Where You Are” são baladas clássicas puxadas pelo piano e que poderiam chegar a qualquer posto nas paradas já ocupadas por Eric Carmen – ou a qualquer coração carente de ternas melodias. “Emily Standing” acalma o espírito com seu refrão memorável e “It’s A Lonely World” capricha no falsete de Vincent e nos remete, sem escalas, ao som dos Raspberries. Mais uma balada com melodia envolvente atemporal: “Satellite”.

Nesse ponto a impressão é que os superpoderes pop de Kyle Vicent são infindáveis. Ganchos atrás de ganchos em sensíveis canções que ele parece poder escrever indefinidamente. “Goin’ Down” imprime ritmo mais up e pegada adesiva no refrão e “Sakura Lullaby” homenageia grande audiência japonesa de Kyle. A belíssima “On My Ride” mescla as emoções de Elton John e Badfinger em uma só peça, enquanto o hino pacifista “Petals Of Peace” encerra o disco.
Quando você encontrar Kyle Vincent e suas canções só esteja preparado... para ter um dia melhor.

http://www.kylevincent.com/
www.myspace.com/kylevincent

quinta-feira, 18 de junho de 2009

"Jupiter Optimus Maximus": THE TOMORROWS!

Talvez haja algo de ironia em uma banda que se chama The Tomorrows e produz sonoridades calcadas em bandas que existiram décadas atrás. Mas talvez haja muito de verdade em querer perpetuar e modernizar ambiências sônicas clássicas e que não podem sucumbir à onda rápida e voraz da modernidade. A certeza é que no álbum de estreia dos canadenses do Tomorrows há muito de beleza. E, se tanto há em mostrar o quanto o pop ainda pode ser relevante, um bocado também em compartilhar canções perfeitas em um dos melhores álbuns de power pop do ano.

Isso mesmo: power pop – aquele real herdeiro dos Beatles, aquele forjado pela tríade sagrada Badfinger, Big Star e Raspberries, aquele solidificado em novos tempos por Teenager Fanclub, Velvet Crush e Matthew Sweet. O ex-integrantes do Roswells Marc Stewart e Scott Fletcher, voltam unindo-se a Tony Kerr e Adrian Buckley para entregar-nos este magnífico Jupiter Optimus Maximus. Um, desde já, clássico dos novos tempos, um protótipo do power pop. Isso mesmo: power pop.

As guitarras brilhantes, a bateria crua, os vocais limpos, que preparam climas certeiros para celebração pop: eis então “Effortless Lee”, que abre o álbum orgulhando os badfingers que lá de cima olham. Já “Love Is Dead” espalha sua profusão de guitarras sobre coros vocais aerados; “Ballad Of A Lesser Man” cadencia o andamento nas notas de piano, sem perder a força na distorção e batida e, a faixa título, é uma balada com contornos épicos.

A distorção fala alto em “Dont’ Worry Me” tanto quanto os vocais angelicais e a melodia envolvente. “Such A Shame” amacia e capricha no refrão perfeito até a chegada de uma das mais empolgantes canções power pop da temporada: “Pity Her”. “There’s Something Wrong” cobre as guitarras rockers com harmonias vocais bem tramadas enquanto “Anime” relembra os melhores momentos do primordial Raspberries. A energia primária de levada contagiante em “Goodbye” deixa a despedida do disco para a grandiosa, cheia de passagens, climas e arranjos “Remember”.
Então, meninos, quando ouvirem Jupiter Optimus Maximus já sabem: isso é power pop!

www.myspace.com/tomorrows1

segunda-feira, 15 de junho de 2009

"Solitary": PARASITES!

Ainda consigo me lembrar de uma fita cassete que um amigo de um amigo meu mandou dos Estados Unidos em 1993. Entre outras bandas gravadas ali – todas da nova onda do punk pop - havia Green Day (antes do multiplatinado Dookie), Blink 182 (também muito antes do mainstream), Big Drill Car e Parasites. Na época gostei de tudo, adorei o Green Day, mas o vício mesmo veio com o Parasites. Já era o indício do caminho que eu seguiria mais tarde: a busca por canções energéticas e melódicas em partes iguais. Seus dois primeiros álbuns Punch Lines e Pair são clássicos do punk pop, soando como se fossem uma mescla perfeita de Beatles e Ramones.

O grupo americano liderado por Dave Parasite desde fins dos anos 80, volta com um álbum de inéditas mais de 10 anos depois de seu último disco Ratt Ass Pie. Solitary foi lançado pelo selo de Dave o Kid Tested Records. E é emocionante ouvir a voz de Parasite novamente depois de tantos anos; seus riffs nervosos de guitarra; a bateria hiperativa (aqui a cargo de Matt Drastic); os memoráveis ganchos melódicos. Como na fantástica faixa de abertura “All The Time In The World”. Já “Real Real Good Time” é o criador homenageando a criatura, na versão do grupo de New Jersey para o incrível hit dos espanhóis do Feedbacks.

“Stuck On You” esbanja distorção, riffs pontiagudos, pegada punk e o refrão mais colante da temporada – sair pulando é o mínimo que você que pode fazer aqui. “So Wanna Kiss You” é quase como se fosse uma balada emocional – só que sem desacelerar um milímetro. “Say It Again” energiza com estética punk rock o pop sessentista e “Breakage” mostra que o Parasites continua o mesmo de 16 anos atrás – principalmente na emoção pop que Dave continua imprimindo às canções.

Seja em “Maybe I Don’t Know”, “Say You Love Me” ou “The First Day Of Summer” os Parasites continuam sendo os punk poppers de alma mais power pop do planeta.
E se ainda consigo lembrar bem daquele cassete e toda a euforia que os primeiros discos da banda causavam, também posso dize,r com firmeza, que nunca imaginei que 16 anos depois receberia um disco do Parasites do próprio Dave Parasite – um dos indivíduos que mais entende da arte produzir canções energéticas e melódicas. Em partes iguais.

www.myspace.com/officialparasites
www.kidtestedrecords.com

quarta-feira, 10 de junho de 2009

"Change Your Skin... Wash Your Heart": ARMCHAIR ORACLES!

O segredo mais bem guardado da Noruega está de volta com seu álbum cheio Change Your Skin... Wash Your Heart. Meses depois do lançamento de seu primeiro EP – que figurou no top 10 de 2008 do Power Pop Station – Atle Skogrand, Charles Wise, Jan Ove Engeseth e Kjetil Halsen vêm confirmar as expectativas deixadas pelo primeiro disco. Admiradores das sonoridades clássicas dos anos 60 e 70, os noruegueses trazem a sensibilidade perdida para a geração dos bits e bytes. E, acostumados a temperaturas negativas, aprenderam como aquecer corações com suas guitarras, pianos e vibrafones. A missão de revelar que não há a “frieza nórdica”...

O que há aqui são canções, para chorar, sorrir, cantar junto. Melodias para se emocionar e harmonias para se admirar. Não há espaço para a indiferença quando falamos do Armchair Oracles. Aqui não se trata de fama, fortuna ou sucesso; nem de se alcançar o topo de paradas. Aqui se trata de paixão pela canção bem talhada; se trata de alcançar a alma do ouvinte, esteja ela onde estiver.

As quatro canções do EP reaparecem em Change Your Skin...: as lindas “Never Enough”, “Dreams Ate Their Way Through Mind”, “In The Gamble” e “I’m Afraid I Don’t Know Who You Are”. Abre a contagem do álbum a energia primária de “Palm Of Your Hand” e suas guitarras rascantes, emendando na setentista de refrão emocional “Danish Pastry”. “Stare Until There’s Nothing There” é voluntariosa e melódica em partes iguais e o riff de “Ten Hours Straight” cativa já nos primeiros acordes.

Atle emposta o vocal na bela e emocionante “Rowan Trees” – lembrando as baladas mais inspiradas de Paul McCartney. Progressão de acordes instigante e duelos de metais e guitarras em “Running The Race”, enquanto “Kitchen Window” vem com batida de pop orquestral e harmonias de voz perfeitas. Encerra o disco a linda balada, recheada de pianos, teclados e metais, “The First Boy Died”, confirmando que qualquer ponto sensível do planeta é alvo fácil para a pontaria certeira dos Armchair Oracles.

www.myspace.com/armchairoracles

quinta-feira, 4 de junho de 2009

"Try This At Home": CHRIS SWINNEY!

Aos doze anos de idade Chris Swinney já tentava isso em casa: o songbook completo do Beatles no violão. Décadas depois, o cantor-compositor de Newcastle, Inglaterra, chega ao quarto álbum Try This At Home, escrito, gravado e produzido por ele mesmo. As sonoridades sixties prevalecem, mas aos ouvidos de power poppers experimentados, Swinney soa próximo a clássicos artistas como Richard X. Heyman, Michael Penn ou Bill Lloyd.

Ganchos e mais ganchos melódicos são a especialidade do britânico, habilidade já impressa no seu subconsciente pelos anos de audição dos fab four. Junta-se a isso sua voz agradável e a preferência por ambiências sempre amigáveis. Mais um artista de talento adepto do “faça-você-mesmo” e que está nessa simplesmente pelo prazer.

“Not Going Down” abre o disco oferecendo guitarras que se entremeiam harmonicamente com violões e desembocam no refrão colante; e o power pop macio de melodia envolvente em “Throw Me A Line”. A balada “Mary Won’t Let Me Go” remete à discografia de Jackson Browne e a ganchuda “All That I Can Hide (I Will)” contribui com mais uma peça no colar de pérolas pop de Swinney. As acústicas e irmãs “It Always Ends This Way” “Don’t Try This At Home” carregam algo de John Lennon solo na melodia.

“Makes Me Feel Good” faz isso mesmo que ela promete: o ouvinte se sentir bem com a melodia cativante e refrão memorável com potencial de hit pop. A climática “Over The Moon” muda a polaridade do disco mas, “The Last Time”, retoma a forte veia pop de Chris. No site do músico “Not Going Down” e “The Last Time” podem ser vistas em vídeo versão voz-violão: gravadas em casa, as imagens retratam a despretensão e o talento – em medidas inversamente proporcionais – de Chris Swinney.

www.chrisswinney.com
www.myspace.com/swinnsongs

segunda-feira, 1 de junho de 2009

"SheBANG!": KELLY JONES!

Tudo o que o “girlish pop” sessentista podia oferecer está aqui. E o que nunca pôde também: excelência no processo de gravação/produção, já que a modernidade técnica está do nosso lado. Então é simples: a cantora-compositora de Nova Yorque Kelly Jones juntou seu carisma pop e voz de anjo aos melhores músicos do pedaço além das ferramentas ideais para o melhor nível de gravação possível. Só não é o melhor dos cenários porque não se sabe o quanto o mundo está interessado nessas sonoridades. Mas nós estamos e isso é o suficiente.

Tendo como parceiro de composição Mike Viola, Kelly pode assumir fácil o posto de “diva do power pop” com seu terceiro álbum SheBANG! Que vem com arranjos muito bem tramados e produzidos por Viola, mostrando como se pode fazer arte com o puro pop. Como na abertura do álbum “There Goes My Baby”, que estaria no topo das paradas se viesse ao mundo pelas mãos do Pretenders: levada adorável, refrão auto-adesivo, voz angelical, harmonias vocais dos deuses. E, sem perder o fôlego, a perfeição pop de “Same Songs”, com seu riff macio, coros flutuantes e trabalho de ourivesaria musical nas guitarras e baixo de Viola.

Outra peça memorável e apta ao panteão de clássicos do pop é “Fire Escape” – com uma passagem querubínica de ‘pa-pa-pas’no meio da canção. “Crazy Talk” é co-autoria com o mestre Adam Schlesinger e “Lovers” traz groove no baixo e doçura nos vibrafones. “Over Thinking” é mais uma canção campeã no quesito pop atemporal e “Rooftop” balança na levada e conquista no refrão. Fecha o álbum a energética, invocada nos órgãos vintage e de chorus grudento “Girl With The Silver Lining”. O mundo precisa do talento de Kelly Jones. Apenas ainda não sabe disso.

http://www.kellyjones.com/
www.myspace.com/kellyjones